O fornecimento de fluidos exógenos e fontes de carboidratos desempenham papel importante para o desempenho, especialmente durante o exercício prolongado. A hidratação durante a atividade física é fundamental e pode provocar desconfortos gastrointestinais. Um sistema gastrointestinal desequilibrado e com função prejudicada, compromete a absorção de nutrientes, além de favorecer o aparecimento de sintomas indesejados.
Claramente, o trato intestinal é altamente adaptável, e foi sugerido que o treinamento direcionado do trato intestinal pode melhorar a entrega de nutrientes durante o exercício e, ao mesmo tempo, diminuir a recorrência de sintomas. Para que isto aconteça, estudos propõem que o “treinamento do intestino” é uma estratégia pertinente na vida dos atletas, em geral, especialmente de alto rendimento.
O esvaziamento gástrico é um passo importante para a entrega de carboidratos exógenos e fluidos para o músculo em atividade. Curiosamente, os atletas reclamam do acúmulo de bebidas no estômago e sensação de inchaço, especialmente durante exercícios de alta intensidade ou muito prolongados em condições de calor.
Evidências mostram que o estômago pode se adaptar à ingestão de grandes volumes de líquido, sólidos ou combinações. Diante disso, estimular esta capacidade de adaptação é relevante para atletas apresentarem menor desconforto e sensação de empachamento durante a atividade.
Uma vez que ocorre o esvaziamento gástrico, a maioria dos líquidos e açúcares são absorvidos no duodeno e jejuno. A glicose e a galactose são transportadas através da membrana dos enterócitos pelo transportador de glicose dependente de sódio (SGLT)-1.
A aplicação de uma dieta rica em carboidratos em atletas durante 2 semanas é capaz de aumentar significativamente o conteúdo de transportadores de glicose dependentes dos íons de sódio. Sendo assim, a entrega dos carboidratos para os músculos é mais eficiente.
Portanto, atletas em restrição de carboidratos podem apresentar uma menor capacidade de absorver carboidratos durante o exercício e competições. Consequentemente, o desempenho pode ser comprometido.
Diante da hipótese do intestino ser adaptável, presume-se eficiente incluir o treinamento com alta ingestão de carboidratos regularmente durante o exercício. Com essas estratégias, o intestino pode ser treinado para absorver e oxidar mais carboidratos, o que, por sua vez, pode resultar em menor desconforto e melhor desempenho.
Como treinar o intestino?
Treinar com grandes volumes de líquidos.
Treinar imediatamente depois da refeição.
Treinar com ingestão relativamente alta durante o exercício.
Ingestão aumentada de carboidratos na dieta.
Efeitos fisiológicos
Redução do inchaço e sensação de empachamento durante o exercício.
Aumento do esvaziamento gástrico.
Aumento da capacidade de absorção de carboidratos.
Aumento da entrega de carboidratos para o músculo.