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Foto do escritorKarina Al Assal

Intestino preso? Entenda como os hormônios agem ao longo do ciclo menstrual



Mulheres que não fazem uso de nenhum tipo de método contraceptivo ou medicações que envolvem doses hormonais, e que também não apresentam nenhuma condição que cause irregularidades menstruais (como a Síndrome dos Ovários Policísticos e a endometriose, por exemplo, experienciam um ciclo que pode durar de 26 - 32 dias, com média de 28, e é que é conhecido como ciclo menstrual. Durante esse período o corpo feminino passa por diferentes fases, tanto do ponto de vista fisiológico, como também no ambiente psicológico e emocional, e uma mesma mulher passa por uma série de fases.


Muitas pessoas costumam achar que apenas o humor varia ao longo desse ciclo, mas na verdade todo o corpo funciona de maneira diferente dependendo da fase em que se encontra, porque os hormônios, verdadeiros maestros do nosso organismo, flutuam de maneira bastante particular ao longo desses dias. E entre vários processos que ficam alterados, a função intestinal muda também. Isso acontece porque nas células ao longo do intestino, existem receptores para os hormônios sexuais femininos estrogênio e progesterona, o que significa dizer que eles conseguem orquestrar, de alguma forma, o funcionamento desse órgão.


Quanto maiores forem seus níveis em algum momento, o que depende da fase do ciclo menstrual, maior vai ser a influência que vão ter sobre a função intestinal.

Para ser compreendido, o ciclo menstrual pode ser dividido de uma maneira geral em 2, 3 ou até mesmo 6 fases. Quanto maior a “divisão”, mais específicas são as características de cada momento, mas aqui, basta que classifiquemos 2 delas: a fase folicular e a lútea.


Desse ponto de vista, a fase folicular tem início no dia que acaba a menstruação e se estende até o período da ovulação. Nesse momento, em termos de hormônios sexuais femininos, o estímulo do FSH (Hormônio Folículo Estimulante) sobre os folículos no ovário, vai fazendo com que o estrogênio aumente progressivamente até alcançar um pico. É esse pico que causa a liberação expressiva do LH (Hormônio Luteinizante), que é responsável por estimular a ovulação. A partir daí, esses 3 hormônios sofrem uma queda nos seus níveis.


Nesse primeiro momento, as mulheres tendem a manter um padrão intestinal muito próximo do seu habitual. Isso porque o estradiol parece melhorar o tempo de trânsito e diminuir a percepção de dor e incômodo intestinal.

Logo que acontece a ovulação, inicia-se a fase lútea. O estrogênio volta a aumentar - mas em velocidade menor, e não alcança os mesmos níveis elevados da fase anterior - e quem comanda mesmo esse momento é a progesterona.


Os efeitos que esse hormônio tem sobre a função do intestino são muito mais perceptíveis: aparentemente, o que a progesterona faz é lentificar o tempo de trânsito intestinal. Isso acontece porque esse hormônio prepara o corpo e também sustenta uma gestação, caso ocorra a fecundação do óvulo. Durante o período gestacional, é muito importante que o corpo feminino consiga aproveitar ao máximo os nutrientes que chegam a partir da alimentação, é quanto mais lento for o trânsito do bolo alimentar, mais consegue ser “retirado” e aproveitado dali. Mas durante o ciclo menstrual, esse aumento da progesterona acaba se traduzindo em constipação, sensação de empachamento e inchaço. Também podem aumentar os gases e a distensão abdominal.


De repente, o estrogênio e a progesterona sofrem uma queda abrupta, acontecem os piores dias de TPM e, logo em seguida, a menstruação. Nesse momento, como não houve a fixação de um embrião na parede do útero, aquela camada de endométrio que foi formada por estímulo tanto do estrogênio, mas principalmente da progesterona, é expelida, ou seja, acontece a menstruação. É comum que nessa fase, o intestino “solte”, porque para que o sangue menstrual seja liberado, o útero é bastante estimulado para contrair sua musculatura. Essas mesmas contrações podem acontecer no intestino, levando à ocorrências de diarréias.


Devido à forte influência hormonal no funcionamento intestinal, é difícil contrabalancear todo esse efeito da progesterona, mas manter um consumo de fibras adequado ao longo de todo o ciclo, aliado á uma boa ingestão hídrica - principalmente quando o intestino prende mais - pode ajudar a reduzir constipação nesses dias!


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Carmichael, M. A., Thomson, R. L., Moran, L. J., & Wycherley, T. P. (2021). The Impact of Menstrual Cycle Phase on Athletes’ Performance: A Narrative Review. International Journal of Environmental Research and Public Health, 18(4), 1667. doi:10.3390/ijerph18041667

Bharadwaj, S., Barber, M. D., Graff, L. A., & Shen, B. (2015). Symptomatology of irritable bowel syndrome and inflammatory bowel disease during the menstrual cycle. Gastroenterology Report, 3(3), 185–193. doi:10.1093/gastro/gov010


©2020 KARINA AL ASSAL - CRN 17275

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