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Foto do escritorKarina Al Assal

Mindful eating: comer com atenção plena!



Se você está em busca de uma vida mais saudável, tenho certeza que em algum lugar você já leu alguma coisa sobre os benefícios de incluir uma prática meditativa como parte da sua rotina. A meditação, que por muito tempo foi vista como uma prática puramente espiritual, ao ganhar mais atenção no meio científico começou a ser reconhecida também pelos seus efeitos fisiológicos, primeiro no que diz respeito à saúde mental, mas aos poucos, o potencial de alterar as autopercepções, assim como respostas relacionadas ao estresse, também se mostrou eficaz na melhora de parâmetros metabólicos. Além disso, a meditação é uma importante prática de autocuidado, que parece ser capaz de auxiliar na adesão a outros hábitos saudáveis e também melhora a relação com os mesmos.


Existem diferentes formas de meditar, com várias vertentes de práticas meditativas que podem envolver a entoação de mantras, movimentos corporais ou outras características específicas, mas algo sempre presente é o foco na respiração. De qualquer forma, quando nos referimos à meditação, estamos falando sobre atenção plena, que envolve entrar em um estado de maior presença no momento presente, livrando-se ao máximo do julgamento dos pensamentos e emoções que vem à tona. Parece fácil ao falar, mas não é difícil encontrar pessoas que não conseguem simplesmente sentar e respirar conscientemente para entrar nesse estado meditativo. Ou ainda, que dizem não ter tempo para tal.


E aí é onde entra a prática do mindful eating: refere-se ao ato de comer em um estado de total presença, sem julgamentos, trazendo atenção para a comida e para as conexões existentes entre o corpo e a mente no momento que nos alimentamos. Comer é uma experiência complexa que envolve as percepções que temos do alimento (o som, textura, sabor, cheiro, cor) e do que ele causa no nosso organismo, assim como as interpretações cognitivas e emocionais que fazemos disso. Mas na rotina do dia a dia, não é difícil que se perca essa noção de tudo que envolve o ato de comer.


Ao propor uma maior atenção no momentos das refeições, o mindful eating tem sido usado como uma eficaz estratégia no manejo de relações disfuncionais com a comida, como o comer emocional e a falta de percepção dos sinais de saciedade, já que permite um aumento da assimilação das respostas fisiológicas ao alimento. Além disso, outra importante funcionalidade dessa prática é na melhora de sintomas de má digestão associados ao estresse.


Devido à existência do eixo intestino-cérebro, que resulta em uma comunicação bidirecional entre essas duas porções corporais, as respostas emocionais acabam influenciando de maneira significativa os processos que tomam lugar no ambiente intestinal. Níveis elevados de cortisol, por exemplo, podem causar aumento da permeabilidade do intestino, desconforto abdominal e prejuízos absortivos, além de aumentar o nível de inflamação sistêmica, perturbando a homeostase corporal.


O mindful eating pode então ser proposto como uma forma de modular a resposta ao estresse e assim, de forma direta e indireta, acaba por auxiliar na normalização dos movimentos peristálticos, aumento do fluxo sanguíneo para o trato gastrointestinal e liberação da secreção de enzimas e líquidos, todos estes sendo processos fundamentais para a digestão.


Além de ser uma forma de aumentar a percepção de sinais internos e externos relacionados à saciedade e às emoções, o mindful eating permite melhor aproveitamento das nossas refeições e provoca um aumento da autoconsciência que reflete de maneira positiva em vários outros aspectos da vida diária, melhorando a qualidade de vida de uma forma geral.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Cherpak C. E. (2019). Mindful Eating: A Review Of How The Stress-Digestion-Mindfulness Triad May Modulate And Improve Gastrointestinal And Digestive Function. Integrative medicine (Encinitas, Calif.), 18(4), 48–53.


Nelson J. B. (2017). Mindful Eating: The Art of Presence While You Eat. Diabetes spectrum : a publication of the American Diabetes Association, 30(3), 171–174. https://doi.org/10.2337/ds17-0015

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