A síndrome do intestino irritável (SII) é o distúrbio gastrointestinal mais comum em todo o mundo, multifatorial e que pode atingir cerca de 15 a 20% da população. Sua fisiopatologia ainda é desconhecida, mas essa síndrome possui uma importante interação intestino-cérebro. Fatores como genética, dieta e microbiota intestinal podem influenciar no desenvolvimento de SII.
As alterações fisiopatológicas associadas podem causar sintomas como dor abdominal, constipação, diarreia ou ambos, distensão abdominal e flatulência. Dentre elas temos:
Alteração da motilidade intestinal
Inflamação intestinal de baixo grau
Aumento da permeabilidade intestinal
Desregulação do eixo cérebro-intestino
Alteração da microbiota intestinal.
Interação da Akkermansia e Síndrome do Intestino Irritável
Primeiramente é importante destacar que na SII há um aumento da permeabilidade intestinal, provocada por alterações nas junções firmes relacionadas à degradação de bactérias. Esse aumento da permeabilidade gera dor abdominal, diarreia e estimula os macrófagos levando a produção de citocinas pró-inflamatórias.
As modificações na microbiota intestinal diminuem os níveis de bactérias benéficas com ações anti-inflamatórias e imunológicas, como é o caso da Akkermansia muciniphila. Essa bactéria mucolítica degradante é fundamental para a manutenção da integridade da barreira intestinal. A diminuição da mesma altera a permeabilidade intestinal, permitindo agressões ao epitélio e alterando também a produção de butirato, assim como as concentrações adequadas dela podem fortalecer a barreira intestinal e evitar essas situações.
O efeito anti-inflamatório mediado pela Akkermansia protege contra distúrbios inflamatórios intestinais. Essa função é fundamentada na sua capacidade de diminuir a permeabilidade intestinal e os níveis de citocinas pró-inflamatórias.
Graus elevados de disbiose em pacientes com SII afeta a fisiologia gastrointestinal, alterando a motilidade, o hábito intestinal, a experiência de dor e o estresse. Isso é decorrente do aumento da permeabilidade intestinal e da alteração das vias inflamatórias.
Portanto, a composição da microbiota intestinal está interligada com a resposta aos sintomas da síndrome do intestino irritável. Nesse contexto, é importante lembrar que a Akkermansia não é benéfica apenas para o hospedeiro, mas também para a comunidade microbiana. Sua capacidade de degradar muco libera metabólitos que ficarão disponíveis para outros simbiontes, como propionato, acetato, aminoácidos, e vitaminas, podendo alterar a composição da microbiota e reverter o quadro de disbiose encontrado na SII.
Portanto, a Akkermansia é fundamental para a diminuição da permeabilidade intestinal e da inflamação, além de auxiliar na recomposição da comunidade microbiana.
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Referências: BLACK, Christopher J. et al. Global burden of irritable bowel syndrome: trends, predictions and risk factors. Nature Reviews Gastroenterology & Hepatology, [S.L.], v. 17, n. 8, p. 473-486, 15 abr. 2020. Springer Science and Business Media LLC. http://dx.doi.org/10.1038/s41575-020-0286-8.
LOPEZ-SILES, Mireia et al. Alterations in the Abundance and Co-occurrence of Akkermansia muciniphila and Faecalibacterium prausnitzii in the Colonic Mucosa of Inflammatory Bowel Disease Subjects. Frontiers In Cellular And Infection Microbiology, [S.L.], v. 8, p. 1, 7 set. 2018. Frontiers Media SA. http://dx.doi.org/10.3389/fcimb.2018.00281.