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Foto do escritorKarina Al Assal

Qual a diferença entre alergia e intolerância alimentar?


Você sabe quais são as diferenças entre alergia e intolerância alimentar?

As alergias são caracterizadas por efeitos adversos decorrentes de resposta imune ocorrida após exposição de ingestão e/ou contato a um alimento, podendo ser mediadas por IgE, não mediadas por IgE ou mistas. Já as intolerâncias alimentares, são reações não imunológicas, que podem incluir mecanismos metabólicos, tóxicos, farmacológicos, irritativos e indefinidos.

Alergias Alimentares

As reações alérgicas a alimentos podem se manifestar a partir de diversos sintomas de acordo com cada mecanismo de ação, como veremos a seguir.

  • As alergias mediadas por anticorpos IgE se caracterizam principalmente por manifestações logo após contato com o alimento em questão, podendo ser reações cutâneas como urticária e angioedema, gastrointestinais como edema e prurido de lábios, língua e palato, vômitos e diarreia, reações respiratórias como broncoespasmo e coriza, e reações sistêmicas como anafilaxia e choque anafilático.

  • As alergias não mediadas por IgE são de hipersensibilidade mediada por células, apresentando reações não imediatas como dermatites, acúmulo dos depósitos de ferro (hemossiderina) nos tecidos, inflamação na mucosa do reto e síndromes de enteropatia e enterocolite.

  • Já nas mistas, as reações decorrem tanto de anticorpos IgE, quanto de Linfócitos T e citocinas pró-inflamatórias, como esofagite, gastrite e gastroenterite eosinofílicas, além de dermatite atópica e asma.

Estudos internacionais mostram que os principais alimentos capazes de desencadear reações alérgicas são leite de vaca e derivados, castanhas, soja, ovo, amendoim, trigo, peixe e frutos do mar. Entre essas, as alergias mais comuns na infância são desencadeadas por leite, ovo, trigo e soja, geralmente transitórias. Já em relação aos adultos, os alérgenos mais comuns são amendoim, castanhas, peixe e frutos do mar. As alergias a aditivos alimentares são raras, decorridas principalmente pelo contato com sulfitos, glutamato monossódico, tartrazina e vermelho carmim. Além disso, algumas frutas como kiwi, banana e abacate, e vegetais como tomate, mandioca e pimentão também são conhecidos pelo potencial de desencadear reações.

As substâncias responsáveis por desencadear as respostas alérgicas são chamadas de alérgenos, sendo principalmente glicoproteínas hidrossolúveis. Quando avaliada a prevalência de diagnósticos de alergia alimentar em adultos brasileiros, encontrou-se a taxa de 1%, enquanto para crianças pré-escolares a taxa caiu para 0,61%.

O tratamento para alergias alimentares se baseia no alívio e observação dos sintomas desencadeados e na interrupção do consumo do alimento ou alérgeno. Nos casos de reações graves indicando quadro de anafilaxia, deve-se fazer uso imediato de epinefrina, de acordo com recomendações médicas.

Intolerâncias ou sensibilidades Alimentares

Os casos de intolerâncias alimentares, por serem reações não-imunológicas, dependem mais de aspectos do próprio alimento do que do organismo em si. Alguns exemplos são a contaminação por toxinas, presença de substâncias com propriedades farmacológicas, fermentação e efeito osmótico de carboidratos pouco digeríveis (como os FODMAPs). As intolerâncias são mais comuns que as alergias, com taxas de prevalência de 15 a 20% da população mundial.

Os sintomas reportados são principalmente gastrointestinais, como flatulência em excesso, dor e inchaço abdominal e diarreia, mas outros sintomas também podem ocorrer como enxaqueca, asma, eczema e mal-estar. Assim, os alimentos mais comuns de desencadear intolerâncias com sintomas gastrointestinais são trigo, repolho, cebola, feijões e ervilhas, leite, temperos picantes, alimentos gordurosos e fritos, e café.

Os principais causadores das intolerâncias alimentares serão apresentados a seguir.

  • Substâncias com potencial farmacológico, presentes em diversos alimentos e produtos, como: Salicilatos, em café, chás, maçã verde, banana, limão; Aminas vasoativas como a Histamina, em vinho, cerveja, queijos, carnes processadas; Glutamatos como o Glutamato Monossódico, em tomate, queijos, caldos industrializados; Cafeína, presente em café, chás, chocolate, bebidas cafeinadas.

  • Glúten, presente em trigo, cevada, centeio, aveia e seus derivados. A Sensibilidade não Celíaca ao Glúten é considerada uma intolerância alimentar, quando há quadro de sintomas em resposta ao glúten, porém ausência de diagnóstico de Doença Celíaca ou alergia ao glúten.

  • FODMAPs, ou seja, Oligo-, Di-, Monossacarídeos e Polióis Fermentáveis. São um grupo de carboidratos de cadeira curta conhecidos por induzir sintomas gastrointestinais em indivíduos com maior pré-disposição ou portadores de certas Doenças Intestinais. De forma geral, os FODMAPs são levam a sintomas gastrointestinais porque são mal absorvidos pelo intestino e acabam por sofrer fermentação pelo microbioma, além de acumular água por efeito osmótico. Os principais representantes do grupo são: os Frutanos, presentes em trigo, alho, cebola; os Galacto-Oligossacarídeos, em leguminosas, nozes; a Lactose, em leite de vaca e derivados; a Frutose, em frutas, mel, xaropes; e Sorbitol, Manitol, Xilitol, usados como adoçantes em produtos dietéticos.

O tratamento e seguimento após a suspeita de intolerância alimentar, consiste na retirada do alimento da dieta e posterior reintrodução para observar a tolerância do indivíduo.

O que há em comum?

Agora que vimos as diferenças, podemos pensar no que há em comum entre a alergia e a intolerância alimentar. A principal característica que une as duas condições é o que desencadeia a reação, ou seja, o contato ou ingestão do alimento. Dessa forma, a principal forma de tratamento é a exclusão do gênero e seus derivados da dieta.

Com isso, surgem diversos desafios, tanto na questão de mudança de hábitos alimentares, quanto no aspecto social do comer, visto que o indivíduo possivelmente encontrará dificuldades em comer fora de casa, em viagens e em eventos comemorativos. Dessa forma, é essencial que a pessoa acometida por alergias ou intolerâncias alimentares seja obtenha acompanhamento multiprofissional com participação de médico para diagnóstico e acompanhamento, nutricionista e psicólogo.

Referências:

Gargano, D. et al. (2021). Food allergy and intolerance: a narrative review on nutritional concerns. Nutrients, 13(5), 1–35. https://doi.org/10.3390/nu13051638

Lomer, M. C. E. (2015). Review article: The aetiology, diagnosis, mechanisms and clinical evidence for food intolerance. Alimentary Pharmacology and Therapeutics, 41(3), 262–275. https://doi.org/10.1111/APT.13041

Patriarca, G. et al. (2009). Food allergy and food intolerance: Diagnosis and treatment. Internal and Emergency Medicine, 4(1), 11–24. https://doi.org/10.1007/S11739-008-0183-6

Solé, D. et al. (2018a). Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 1 - Etiopatogenia, clínica e diagnóstico. Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Arquivos de Asma, Alergia e Imunologia, 2(1), 7–38. https://doi.org/10.5935/2526-5393.20180004

Solé, D. et al. (2018b). Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar: 2018 - Parte 2 - Diagnóstico, tratamento e prevenção. Documento conjunto elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Arquivos de Asma, Alergia e Imunologia, 2(1), 39–82. https://doi.org/10.5935/2526-5393.20180005


©2020 KARINA AL ASSAL - CRN 17275

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