A nutrigenética vem sendo cada dia mais estudada e se trata da análise das diferenças que existem no DNA de cada pessoa, e o efeito que essas modificações podem promover na absorção e metabolismo dos nutrientes de acordo com o indivíduo. Desta forma, é possível utilizar desse conhecimento para realizar condutas nutricionais mais assertivas. E se você acha que isso é muito futurista, pode acreditar que o futuro chegou, pois essa é uma realidade que já acontece, inclusive, faz parte da minha prática clínica!
Já a nutrigenômica está associada com a influência que os componentes alimentares podem ter sobre a expressão dos nossos genes, ou seja, o potencial para estimular, regular ou inibir um gene. Através das informações apresentadas nos testes genéticos, muitas pessoas podem descobrir a existência de polimorfismos ou pré-disposições genéticas para algumas patologias, incluindo aquelas desencadeadas por alimentos ou determinados nutrientes, como por exemplo as sensibilidades, intolerâncias e alergias alimentares. É importante ressaltar que além da alteração genética, a alimentação habitual e os fatores ambientais são fortes influenciadores genéticos, pois podem atuar como gatilho para algumas condições clínicas.
Os testes genéticos estão cada dia mais disseminados devido a grande quantidade de informações que eles podem oferecer sobre o organismo de uma pessoa, incluindo, por exemplo, a pré-disposição a doenças, polimorfismos, dificuldade de ganhar ou perder peso, nível de saciedade entre outros.
Através das informações obtidas nos testes genéticos conseguimos saber qual tipo de alimentação é melhor para você e qual alimentação não te favorece, por exemplo, conseguimos saber se você metaboliza bem carboidratos ou se tem mais dificuldade no metabolismo da glicose ou então se você tolera melhor cafeína ou se deve evitar o excesso dela.
Mas antes de realizar qualquer restrição alimentar diversos outros fatores devem ser levados em conta, e também vale lembrar que não é um só gene que vai determinar o que você precisa fazer, e sim a combinação entre eles. Devido a isso, antes de qualquer restrição alimentar o paciente deve ser avaliado como um todo. É importante marcar uma interpretação do teste genético com profissionais capacitados!
Desta forma, se o paciente apresenta algum polimorfismo, mas nunca apresentou sinais ou sintomas adversos para determinada alteração ou comorbidade, a restrição alimentar pode não ser a linha terapêutica de escolha. O monitoramento desse indivíduo em relação aos fatores de risco que podem potencializar o surgimento dessa doença é essencial.
Outro ponto importante se refere a realização de dietas low carb, low FODMAP´s, high fat, entre outras, pois o resultado de uma pessoa não será igual ao de outra, visto que a especificidade genética que cada indivíduo possui poderá influenciar de forma significativa nos resultados associados a cada uma dessas intervenções dietéticas.
Os testes genéticos geralmente são realizados por amostras de saliva ou sangue, que serão analisadas para verificar alterações genéticas a partir do sequenciamento do DNA. O custo geralmente fica em torno de 1800 a 4000 reais. Apesar de parecer ser um um custo relativamente alto, vale ressaltar que só será necessário ser realizado uma vez na vida, portanto, é muito válida a sua realização!
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Referências:
Li, J., Maggadottir, S. M., & Hakonarson, H. (2016). Are genetic tests informative in predicting food allergy? Current Opinion in Allergy and Clinical Immunology, 16(3), 257–264. doi:10.1097/aci.0000000000000268
SAITO, Y. A. The role of genetics in IBS. Gastroenterology Clinics, 40(1), 45-67. 2011. doi:10.1016/j.gtc.2010.12.011.
MARTIN, P., et al. Genetic polymorphism of milk proteins. In Advanced dairy chemistry (pp. 463-514). Springer, Boston, MA. 2013. doi:10.1007/978-1-4614-4714-6_15